Relacionamento - A Metade que Faltava?

Engana-se quem acredita que nos relacionando nos preenchemos com o outro, como se tratasse daquela peça que falta para sermos felizes ou completos, aquela que vai finalizar o quebra cabeça de si mesma e apaziguar a sensação de inquietude e insatisfação permanentes.

A verdade é que tem algo, que podemos chamar de "vazio", que faz parte de todos nós. O que nos cabe é buscar formas autênticas de lidarmos com ele, não responsabilizando o outro por essa função.

É tão melhor quando nos reconhecemos faltosos, de que não somos tudo para outro, e vice-versa. Além da relação amorosa, existe sua vida, sua intimidade, outros interesses. E é delicioso quando o encontro acontece nessa perspectiva de respeito a si e ao outro.

A verdade é que sempre vamos deixar algo a desejar, nunca iremos nos sentir completos. Simplesmente porque, como disse Freud, não há objeto que nos satisfaça definitivamente na realidade. E se apropriar disso é libertador, pois deixamos de acreditar em objetos e pessoas que nos satisfaçam completamente.

Ah! Engana-se quem pensa que amor é soma. Amor é diferença, é saber sustentar quando caem os ideais, é aceitar a pessoa amada como ela é, com toda sua potência e limitação. Amar é mostrar sua verdade, colocar seus limites e respeitar os do próximo. É se apresentar inteira e inteiro, é receber e não se perder, oferecer e não sumir de si.

É, sobretudo, amar a si mesmo(a) pra poder amar melhor quem está ao seu lado.